Propriedade agrícola que recebe extensão rural produz quatro vezes mais
Segundo representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), pesquisa científica no Brasil ainda não é feita de acordo com a demanda do agricultor familiar
27/11/2012
Jônatas Campos
de Recife (PE)
Apesar de representar mais de 80% das propriedades rurais no país e de produzir 70% dos alimentos da cesta básica do brasileiro, os pequenos produtores rurais ainda não são considerados prioridade nas pesquisas científicas acadêmicas e recebem pouca assistência técnica governamental. Estas foram algumas das conclusões tiradas pelo diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Argileu Martins da Silva, no XI Congresso dos Trabalhadores em Extensão Rural (XI Confaser), realizado entre 19 e 23 de novembro no Centro de Convenções de Pernambuco.
Silva foi um dos palestrantes do congresso e falou sobre as consequências do sucateamento sofrido pelos serviços de assistência técnica e extensão rural e os esforços empreendidos pelo MDA para reestruturá-lo. O dirigente afirmou que a demanda por assistência técnica para melhorar a produção de alimentos é crescente por parte dos pequenos agricultores. Além disso, garantiu que o governo está se empenhando em criar as condições para que a produção de alimentos advindos da agricultura familiar cresça. “Estamos preocupados porque isso deve ser uma prioridade dos governantes”, disse, referindo-se aos poderes municipais, estaduais e federal.
Para o representante do MDA, a pesquisa científica no Brasil ainda não é feita de acordo com a demanda do agricultor familiar, apesar destes produtores representarem hoje cerca de 80% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros. Atualmente a maioria das pesquisas, com dinheiro público, são destinadas a grandes commodities como cana-de-açúcar, carne e soja.
“O sistema de pesquisa brasileiro é excelente, muito bom, mas está deixando para trás um conjunto expressivo da população”, disse ele, referindo-se ao baixo interesse dos cientistas em realizar investigações que beneficiem os pequenos agricultores. “A agricultura familiar só sobrevive porque é diversificada; sendo assim, a abordagem e a produção do conhecimento têm que ser diferentes. Tem que olhar para esse sistema agrário”, conclui.
Dados do Censo Agropecuário de 2006 comprovam que o agricultor que recebe assessoramento técnico e extensão rural produz quatro vezes mais do que outro que não tem esse tipo de auxílio. Um hectare de um agricultor que recebe a ajuda dos técnicos pode gerar até R$ 5.100 mil, enquanto outro nas mesmas condições físicas, mas sem assessoria, geraria cerca de R$ 639.
CONFESAR – Realizado a cada três anos pela Federal Nacional dos Trabalhadores da Assistência Técnica e Extensão Rural e do Setor Público Agrícola do Brasil (Faser), o Confesar reúne 28 entidades em 23 estados do país. Este ano o encontro homenageou o sindicalista Ruy Carlos, falecido em 2010. Carlos foi primeiro presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Agricultura e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco (Sintape), promotor do evento em Pernambuco.
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